Solidariedade e biossegurança
“Eu estava coletando amostras de
sangue de pacientes. Nós não tínhamos equipamentos de proteção suficientes e eu
desenvolvi os mesmo sintomas”, diz Kiiza Isaac, um enfermeiro ugandense. “No
dia 19 de novembro de 2007, recebi a confirmação do laboratório. Eu havia
contraído Ebola”. (depoimento retirado do site da organização Médicos sem
Fronteiras)
Tal como se pode perceber pelo
depoimento supracitado, o Ebola não surgiu por agora. Ao contrário, segundo a
organização Médicos sem Fronteiras, o vírus foi detectado em 1976. Por que a
doença não foi controlada e se tornou endêmica na África e corre o risco de se
tornar uma epidemia mundial? Porque surgiu em países subdesenvolvidos, pobres
(Sudão, República Democrática do Congo) que não possuem uma estrutura
médico-sanitária adequada, mas também por negligência das nações ricas e por incompetência
de organizações internacionais em pressionar e obter recursos efetivos para
impedir a propagação de contágios. A situação se repte tal como ocorreu com
outros casos que se tornaram epidemias globais. Enquanto não se alastraram, não
houve interesse em se investir em pesquisas e produzir medicamentos, pois o
retorno financeiro poderia não compensá-las.
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Fernando Meirelles |
Há chances de uma via inaceitável ser
cogitada pela indústria farmacêutica para reduzir gastos com pesquisas e
antecipar o tempo demandado por um novo fármaco até receber autorização de
comercialização? Todo esse cenário tenebroso é demonstrado e criticado por
Fernando Meirelles no filme “O jardineiro fiel”. No longa o medicamento Dypraxa,
em fase de testes, portanto, sem fórmula definida, e sem que se conheça seus
benefícios e efeitos colaterais é administrado em pessoas tuberculosas e
infectadas com o vírus HIV. As pessoas que são tratadas com tal medicamento
desconhecem que recebem um novo rmédio sem registro, portanto, ainda sem
autorização para venda e uso. Dada a condição de abando e de falta de
assistência médica adequada – a história se passa no Quênia, país pobre e sem
estrutura médico-sanitária – as pessoas se sujeitam sem nenhum questionamento
ao uso da Dypraxa, até porque não teriam outra alternativa. Já marginalizados
em vida, continuam sendo ao morrer em virtude dos efeitos da Dypraxa, pois são
enterrados de forma clandestina e seus documentos e prontuários médicos
simplesmente desaparecem. Assim, é como se nunca tivessem existido. O mais
estarrecedor é que o uso de humanos como pacientes descartáveis é feito com o
suborno de autoridades quenianas. O que o filme mostra é uma situação de
conchavo entre governantes, empresários e altos funcionários da indústria
farmacêutica no sentido de burlar leis
para auferir vultosos lucros, a despeito do sofrimento e morte de milhões de
humanos.
No caso do Ebola, como as
contaminações estão saindo do controle e chegando aos países ricos – que decidem
os destinos dos demais –, estes não podem mais continuar negligenciando a
situação. Estados Unidos, Canadá, França e Reino Unido começam a
vistoriar voos com passageiros vindos dos países africanos afetados. Também já discutem modos de auxílios e doação
de recursos aos países africanos focos do vírus. O Parlamento alemão aprovou
uma ajuda financeira no valor de 85 milhões €. Para Angela Merkel “O Ebola e
outras epidemias similares não podem ser detidas nas fronteiras. Elas envolvem
todos nós”. No entendimento da ONU os custos para deter a doença pode chega a 1
Bilhão de dólares.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou
na semana passada que o Ebola já se tornou “uma emergência de saúde pública de
alcance mundial”, segundo a sua diretora geral Margaret Chan. Essa declaração é
justamente um dos termos do Regulamento Sanitário Internacional desta
instituição, mais precisamente o artigo 12 Determinação de uma emergência da
saúde pública de importância internacional. Nesse sentido, dispõe o referido
regulamento: “Emergência de saúde pública de importância internacional
significa um evento extraordinário que, nos termos do presente Regulamento, é
determinado como:
I) Constituindo um risco para a saúde
pública para outros Estados, devido à propagação internacional da doença
II) Potencialmente exigindo uma
resposta internacional coordenada”
Em depoimento na Assembleia Geral da ONU a
presidente da Médicos sem Fronteiras exigiu uma atitude imediata da comunidade
internacional:
Excelências, senhoras e senhores.
Generosas promessas de ajuda e resoluções sem precedentes por parte das
Nações Unidas são muito bem-vindas. Mas terão um significado mínimo se não
forem traduzidas em ação imediata.
Hoje, a realidade em campo é esta: a promessa feita ainda não foi
cumprida.
As pessoas doentes estão desesperadas, suas famílias e cuidadores,
nervosos, e os agentes de saúde, exaustos. Manter a qualidade dos cuidados
oferecidos é um desafio extremo.
O medo e o pânico se instalaram, na medida em que as taxas de infecção
dobram a cada três semanas. São muitos os que estão morrendo com outras
doenças, como malária, porque os sistemas de saúde entraram em colapso.
Sem vocês, ficamos muito atrás na trajetória fatal desta epidemia.
Atualmente, o Ebola está vencendo.
Nossa estrutura de 150 leitos em Monróvia abre por apenas trinta minutos
a cada manhã. Apenas algumas pessoas são internadas para ocupar leitos
desocupados por aqueles que vieram a falecer durante a noite.
Pessoas doentes continuam sendo recusadas, elas retornam às suas casas e
espalham o vírus para seus entes queridos e vizinhos.
Os centros de isolamento que vocês prometeram precisam ser estruturados
agora.
.
E outros países não podem deixar que apenas alguns Estados assumam toda a
responsabilidade. A complacência é um inimigo ainda pior do que o vírus.
A resposta necessária precisa ser prática, rigorosa e disciplinada. E é
preciso que não seja terceirizada. Não é suficiente que os Estados apenas
construam centros de isolamento. Na medida em que as ONGs podem administrar
alguns, vocês terão de administrar muitos.
Não façam as coisas pela metade. A resposta massiva e direta é a única
alternativa.
Mas não tenham dúvidas sobre o que vão enfrentar. Vai ser extremamente
desafiador.
Intensificar a resposta vai representar enormes dificuldades
organizacionais. A ONU não pode falhar na coordenação e na liderança desse
esforço.
Paralelamente, um esforço igualmente massivo é necessário para a criação
de uma vacina, ferramenta adicional para interromper a cadeia de transmissão.
Mas os modelos atuais de desenvolvimento de vacinas não vão funcionar.
Precisamos de incentivos para testes e produção, além de pesquisa colaborativa
e dados em códigos abertos. Uma vacina segura precisa ser acessível e
rapidamente entregue às populações mais afetadas.
Atualmente, vivemos um momento político que o mundo raramente vê – se é
que já viu.
Como líderes mundiais, vocês serão julgados sobre o uso que farão deste
momento.
Obrigada.
Essa sequência de ações de
governos e organizações internacionais pós descoberta do vírus Ebola é
retratada de forma semelhante no filme Contágio. Neste filme o vírus a ser
combatido é o MEV – 1. Assim como no caso do Ebola, o MEV-1 tem como vetor de transmissão um
morcego-frugívoro que infecta uma banana que, em seguida, é comida por um porco
que acabará entrando em contato com humanos. De modo que o filme também acaba
fazendo referência à Gripe Suína.
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Matt Damon Gwyneth Paltrow Laurence Fishburne Steven Soderbergh |
O filme começa no segundo
dia pós-transmissão a um humano, ou seja, os humanos já têm um dia de
desvantagem em relação ao vírus. A primeira personagem infectada (Beth Emhoff)
se torna, assim, um vetor de transmissão . Já no início do filme ela apresenta
os sintomas que são característico da virose: tosse, dores na garganta e
cansaço repentino. As sequências já procuram focalizar os objetos tocados por
ela – que se tornam, por isso, fômites - , seguidos de toques de outras
pessoas, o que vai se configurando toda uma cadeia de transmissão viral que faz
vítimas em diferentes partes do mundo.
Concomitante à dizimação e
os efeitos perversos causados pelo MEV-1 na vida das pessoas, é mostrado o modo
como as organizações oficiais da área da saúde - no caso o Centro de Controle e
Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC – Centers for Disease Control and
Prevention) e a Organização Mundial da Saúde (OMS – World Health Organization)
– acompanham a instauração de uma epidemia desconhecia e toma decisões para
lidar com ela. São reveladas as suas dificuldades para dar respostas rápidas às
autoridades políticas, e a maneira como estas exigem soluções rápidas, não
importando a complexidade dos fatos.
Uma sequência
particularmente interessante é a que simula pesquisas laboratoriais feitas em
nível de biossegurança quatro. Os níveis de biossegurança compõem uma escala
que vai de um a quatro NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4. A escala NB-4 significa nível
de segurança máxima. Esta escala é feita a partir do grau de risco que um
agente biológico representa. No Brasil a classificação é feita pelo Ministério
da Saúde com base em parâmetros internacionais:
3 CLASSIFICAÇÃO DE
RISCO
Os agentes biológicos
que afetam o homem, os animais e as plantas são distribuídos em classes de
risco assim definidas:
• Classe de risco 1
(baixo risco individual e para a comunidade):
inclui os agentes
biológicos conhecidos por não causarem doenças no homem ou nos animais adultos
sadios. Exemplos: Lactobacillus sp. e Bacillus subtilis.
• Classe de risco 2
(moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos
que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na
comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os
quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes.
Exemplos: Schistosoma
mansoni e Vírus da Rubéola.
• Classe de risco 3
(alto risco individual e moderado risco para a comunidade):
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Jude Law |
inclui os agentes biológicos
que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que causam
patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem
usualmente medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se
disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a
pessoa. Exemplos: Bacillus anthracis e Vírus da Imunodefi ciência Humana
(HIV).
• Classe de risco 4
(alto risco individual e para a comunidade): inclui os agentes biológicos com
grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão
desconhecida. Até o momento não há nenhuma medida profi lática ou terapêutica
efi caz contra infecções ocasionadas por estes. Causam doenças humanas e
animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e
no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente
os vírus. Exemplos: Vírus Ebola e Vírus Lassa.
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Jennifer Ehle |
É neste momento do filme que
surge uma pesquisadora (Ally Hextall) que será crucial para deter o MEV-1. É
ela quem sequencia o vírus e descobre que ele tem uma sequência cromossômica
composta de genes de morcego e porco. A dificuldade encontrada pela
pesquisadora para destruir o vírus advêm da sua alta capacidade de mutação e
também do fato dele destruir as células que infecta. Por isso, o MEV-1 cria dificuldades
para ser inoculado em células cultivadas artificialmente. Desse modo, a pesquisadora classifica o vírus
como pertencente à classe de risco 4 e determina que todos os demais
pesquisadores que trabalham com o vírus só poderão continuar a fazê-lo em NB-4.
Mas um outro pesquisador, o Dr. Sussman, adverte Ally de que tal procedimento
seria um erro dada a urgência em se conhecer melhor o comportamento do MEV-1
para que se pudesse produzir uma vacina o mais rápido possível, o que seria impossível
de ser feito trabalhando em NB-4. Mas a pesquisador irredutível, ordena que ele
cesse suas pesquisas e incinere o material viral com o qual trabalha. O Dr. Sussman
não a obedece, continua trabalhando em NB-3 e acaba conseguindo cultivar o
vírus artificialmente, o que é imprescindível para a produção de uma vacina.
As ações subsequentes das
autoridades americanas responsáveis pelo controle de doenças epidemiológicas se
dão no sentido de retroagir na cadeia de transmissão do MEV-1, isto é, chegar
ao primeiro caso de infecção viral, ou seja, o marco zero da cadeia de
transmissão.
Como a vacina demora a surgir, no 18
dia a situação foge totalmente do controle, de modo que se instaura o caos, o
desespero, seguidos de saques, violência e um clima de salve-se quem puder. A
vacina surge de forma inesperada quando um macaquinho sobrevive à imunização
ativa, fato descoberto pela pesquisadora Ally. Mas, como a sobrevivência de
animais submetidos a testes laboratoriais não dispensa a inoculação em humanos
voluntários, Ally, inspirando-se na conduta do pesquisador Barry Marshall
- Barry James Marshall (Kalgoorlie, 30 de setembro de 1951) é um médico gastroenterologista australiano e professor de microbiologia clínica na Universidade da
Austrália Ocidental. Foi agraciado com o Nobel de Fisiologia ou
Medicina de
2005, pelo estudo da prova da bactéria Helicobacter pylori como causa da úlcera péptica, contrapondo-se à
doutrina tradicional, segundo a qual a causa da úlcera seria o stress, comida picante e
ácida. A teoria da H. pylori era considerada absurda pela
comunidade científica, que não acreditava na possibilidade de viverem bactérias
no ambiente ácido do estômago. Barry Marshall, para provar a sua teoria, bebeu um tubo de
ensaio contendo bactérias e desenvolveu úlcera gástrica, curando-se por antibióticos - resolve ser ela mesma
a primeira cobaia humana a receber a vacina e se auto injeta uma dose. De modo
que a vacina começa a ser produzia após a morte de 26 milhões de vítimas, no
131 dia da história narrada. É quando começam as discussões sobre como deve se
constituir a sequencia de pessoas que a receberão. As autoridades políticas resolvem fazer um
sorteio por datas de aniversário. No entanto, tal sorteio vale para as pessoas
de modo geral, não para as altas autoridades e seus familiares que, como
acontece sempre em uma situação adversa, são os que possuem prioridade de bons
tratamentos, colocando-se acima e na frente dos demais.
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Kate Winslet
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Contágio surpreende
pelo aspecto realista e sóbrio empregado. Não há excessos sentimentais,
tampouco sensacionalismo. É como se o diretor quisesse mostrar a realidade crua
dos fatos, sem apelar para clichês que transformariam o filme num drama. De
maneira que o sofrimento humano, por ser
imponderável numa situação dessas, devesse ceder espaço para a ansiedade de ter
que se lutar contra o tempo implacável. Tempo esse favorável ao inimigo
MEV-1que vai passando por mutações com o transcorrer dos dias. Não por acaso o
tempo é cronometrado a partir do segundo dia, pois a sucessão temporal
distancia e dificulta a possibilidade de retroação ao primeiro dia, isto é, ao
marco zero do MEV-1. Nesse sentido, há uma opção pelo enfoque no empenho
genuíno de cientistas em suas lutas contra um inimigo imprevisível e
devastador, que se beneficia justamente do passar do tempo para sofrer mutação.
A despeito de suas dedicações, muitas vezes alucinadas e ininterruptas, essas
pessoas nem sempre obtêm o reconhecimento que merecem. O que o filme procura
evidenciar é que os bons pesquisadores são capazes de qualquer sacrifício para
garantir e ampliar o bem comum. Assim, percebe-se um esforço do diretor do
filme para se manter fiel aos procedimentos e protocolos empregados numa
situação de crise epidêmica, tais como
os preconizados pela OMS no seu Regulamento Sanitário Internacional que coloca
como norte para aqueles que influem na Saúde Pública Mundial: “prevenir,
proteger, controlar e dar uma resposta de saúde pública contra a propagação
internacional de doenças, de maneiras proporcionais e restritas aos riscos para
a saúde pública”.
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Marion Cotillard |
Por outro lado, há a dinâmica política e dos
burocratas que manipulam e se auto beneficiam em qualquer situação. É o caso do DR. Ellis Cheever que se utiliza
do cargo para benefícios pessoais. Sendo assim, o filme discute questões éticas,
científicas e burocráticas.
No Brasil a Fiocruz - um das
organizações que tratam de doenças endêmicas – com toda a sua renomada
expertise tem promovido cursos em diversas regiões do país para capacitar
profissionais da saúde e de segurança pública para lidar com agentes biológicos que representem ameaça à
saúde pública. Toda esta ação da Fiocruz é de extrema importância por se tratar
de uma ação preventiva. De modo que não se está esperando uma situação de crise
epidêmica em território nacional para se começar a agir.
A Biossegurança já
começa a ser um tema discutido por instituições de ensino, Ministério da Saúde
e profissionais da área da saúde. Tanto assim que o Ministério publicou em 2010
um documento chamado Classificação de Risco dos Agentes Biológicos. Na
apresentação dessa publicação é dito que
a ““Classificação de Risco dos Agentes Biológicos é imprescindível para os profissionais que
manipulam agentes biológicos em instituições de ensino, pesquisa e
estabelecimentos de saúde.”
E com relação ao grau
de patogenicidade dos agentes biológicos:
“A avaliação de risco
de agentes biológicos considera critérios que permitem o reconhecimento, a
identificação e a probabilidade do dano decorrente destes, estabelecendo a sua
classificação em classes de risco distintas de acordo com a severidade dos danos.
Assim, a classificação dos agentes biológicos constantes nesta publicação teve
foco básico nos agentes causadores de enfermidades em humanos e na taxa de
fatalidade do agravo. Os tipos, subtipos e variantes dos agentes biológicos patogênicos
envolvendo vetores distintos; a dificuldade de determinar medidas de contenção;
as possíveis recombinações genéticas e de organismos geneticamente modificados
(OGM) são alguns dos desafios na condução segura de procedimentos com agentes
biológicos.”
O enfrentamento entre
humanos e agentes biológicos nocivos sempre existiu. Até o presente momento,
com vantagens para os últimos que dizimaram milhões de vítimas humanas ao longo
da História. A Peste negra no século XIV
e a Gripe Espanhola de 1918 são exemplos do potencial de destruição que os
agentes infecciosos representam para
humanos. Ao mesmo tempo, são um alerta
da responsabilidade que as autoridades políticas e a comunidade científica
internacional têm no sentido de desenvolver e implementar continuamente ações
preventivas e novos e eficazes métodos de tratamento. Está demonstrado que os
agentes biológicos não escolhem vítimas. Todas as classes sociais e todas as
nacionalidades podem ser vítimas potenciais. É o que nos mostra Steven
Soderbergh no seu filme Contágio, ao inicia-lo com uma jovem, deslumbrante e
loira mulher que é o marco zero do vírus MEV-1. De sorte que a lição que sempre
fica é a urgência de se estabelecer união e solidariedade entre os povos,
investimentos em melhorias globais e não em separatismos de toda ordem e
guerras.
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